Deixará o Homem Pai e Mãe e se unirá à sua Mulher
Texto base: Mateus 19:4-6
Ele respondeu: "Vocês não leram que, no princípio, o
Criador ‘os fez homem e mulher’
e disse: ‘Por essa razão, o
homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só
carne’? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o
que Deus uniu, ninguém o separe".
Mito: Jesus disse neste texto que o
verdadeiro casamento é entre um homem e uma mulher. É mandamento de Deus que o
homem deixe a casa de seus pais para se unir a uma mulher – não a outro homem
– para que os dois se tornem uma só carne.
Contexto:
Tendo acabado de dizer essas coisas, Jesus saiu da Galiléia e
foi para a região da Judéia, no outro lado do Jordão. Grandes multidões o seguiam, e ele as curou ali.
Alguns fariseus
aproximaram-se dele para pô-lo à prova. E perguntaram-lhe: "É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo? "
Ele respondeu: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’
e disse: ‘Por essa razão,
o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só
carne’?
Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu,
ninguém o separe".
É fácil perceber que o tema desse texto não é a
heterossexualidade, mas o divórcio. Jesus estava sendo seguido por multidões
que haviam ouvido sua pregação e que foram curadas por ele.
Os fariseus, incomodados com a popularidade da Mensagem,
aproximaram-se de Jesus na intenção de provocá-lo a cometer algum deslize
contra a Lei de Moisés, e assim desacreditá-lo diante de seus ouvintes.
No v.3, é exposto o tema central, a pergunta ao redor da qual
gira todo o discurso de Jesus nos versículos seguintes: “É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?”
A resposta de Jesus (v.4,5) é precedida por uma introdução: Vocês
não leram que, no princípio, o
Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à
sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’?
E finalmente, no v.6, ele responde à pergunta: “Portanto, o que Deus uniu,
ninguém o separe".
Não satisfeitos com a resposta, os fariseus replicam: (v.7) “Então,
por que Moisés mandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora?"
E Jesus responde: (v.8,9) “Por causa da dureza dos seus
corações. Mas no princípio não foi assim. E eu lhes digo mais: se um homem se
divorciar de sua mulher, a não ser por adultério, e se casar com outra, estará
cometendo adultério”.
Como vimos, o tema deste capítulo nada tem a ver com
heterossexualidade, mas com o divórcio, que naquele tempo condenava a mulher a
uma das duas únicas alternativas: mendigar ou prostituir-se.
Abrimos aqui um parêntese para a razão de Jesus se
posicionar contra o divórcio: uma mulher divorciada não era aceita de volta
pela família facilmente, pois seu divórcio era uma vergonha irreparável.
Rejeitada pelo marido, sem direito à alfabetização, a um
emprego ou sequer a um lugar no mercado de trabalho, uma mulher divorciada
estava condenada a mendigar ou prostituir-se para sobreviver.
O discurso dos fariseus não intimidou Jesus. Pelo contrário,
a afronta naquele momento deu a Jesus uma oportunidade de pregar sobre um tema
ainda não abordado, como o seu cuidado pelas mulheres.
Mas alguns discípulos se perturbaram ainda mais com o rigor
da resposta do Senhor e disseram: (v.10) “Se esta é a situação entre o homem e sua
mulher, é melhor não casar".
A capacidade de Jesus de transformar situações embaraçosas em
oportunidades de pregação é singular. Diante da afirmação de que é
melhor não casar, sua resposta nos v.11,12 traz à luz o caráter
inclusivo do Evangelho:
Nem todos têm
condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado.
Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por
causa do Reino dos céus. Quem
puder aceitar isso, aceite".
Clemente de Alexandria, um dos Pais da Igreja, sobre esse
texto diz: “Alguns homens, desde o seu
nascimento, têm uma natureza
a afastar-se das mulheres, e aqueles que o eram naturalmente faziam bem em não se casar.
Estes são os eunucos a partir do nascimento." - (Stromata, III 1.1)
“Homens que têm uma natureza a afastar-se das mulheres”. Na
história secular, os eunucos (hb. סריס sarís) eram, muitas vezes, pessoas atraídas
pelo mesmo sexo ou pessoas que não se identificavam com a realidade de seu sexo
biológico. A palavra hebraica “sarís” refere-se a eunucos de nascimento ou
eunucos castrados (feitos pelos homens).
Em sua resposta aos discípulos, Jesus diz que “alguns
são eunucos porque
nasceram assim; outros foram feitos pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos
céus”.
O próprio Jesus está dizendo que alguns eunucos NASCERAM ASSIM. Será necessário explicar o que Jesus está
dizendo? Nem todos os
homens nasceram capazes para o casamento com uma mulher, e FIM!
Existe uma distinção entre os eunucos de nascença, os que
foram castrados para servirem a seus senhores (ou até mesmo seus deuses), e
aqueles que abriram mão do casamento para servirem ao Reino dos céus.
Mas a beleza do ensinamento do Cristo nesta passagem está no
início e no fim de sua resposta: “Nem todos têm condições de aceitar esta palavra” e “Quem puder aceitar isso, aceite”.
Não há razões para debates intermináveis: Nem todos têm condições de aceitar esta
palavra (de não se casar). Alguns aceitarão, mas nem todos. Quem puder aceitar isso, aceite!
CONCLUSÃO
As palavras de Jesus neste texto estão longe de ser um
mandamento para o casamento heterossexual, caso contrário, ele mesmo o teria
transgredido, pois nunca se casou com uma mulher.
Este texto, por razões óbvias, não é uma condenação ao
relacionamento homoafetivo, pois a homoafetividade sequer é citada aqui.
No primeiro momento do discurso, o Senhor trata
especificamente do DIVÓRCIO
heterossexual, e não do casamento.
No segundo momento, diante da afirmação dos discípulos de que
é melhor o homem não se casar, o
Mestre não hesita em dizer que nem todos
podem se casar [com mulher]. Mas os que puderem, casem-se.
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