Sodoma e Gomorra
Texto base: Gênesis 19:4,5
E, antes que se deitassem, cercaram a casa os homens daquela
cidade, os homens de Sodoma, desde o moço até ao velho; TODO O POVO, de todos os bairros. Chamaram Ló
e disseram-lhe: Onde estão os homens que entraram em sua casa esta noite? Traze-os
para fora para que os conheçamos.
Mito: “Deus destruiu Sodoma e Gomorra por causa do pecado do
homossexualismo”.
Vamos ler de novo?
Contexto:
Os “homens” que entraram na casa de Ló eram, na verdade, dois anjos de Deus que
foram até Sodoma convencê-lo a sair da cidade porque Deus iria destruí-la.
Em Gênesis 18:20-21, Deus disse: “Porquanto o clamor contra Sodoma e Gomorra
se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, descerei
agora e verei se, de fato, tem praticado segundo este clamor que é vindo até
mim; e, se não, eu o saberei”. Portanto, os anjos de Deus já estavam em
Sodoma com a clara intenção de destruir a cidade, e diante da maldade daqueles
homens anunciaram a Ló o que foram ali fazer: “Tire a sua família daqui, pois
nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem engrossado diante da
face do SENHOR, e o SENHOR nos enviou a
destruí-lo”. (19:12,13)
Verdade lógica: Em qualquer cidade do mundo os
homossexuais são minoria. Quando
o texto diz que TODO O POVO de Sodoma estava à porta da casa de Ló exigindo que
os anjos saíssem para que eles pudessem conhecê-los (no sentido de fazer sexo
com eles), e as pessoas dizem que eles o fizeram por serem homossexuais, temos
aqui um absurdo! O texto deixa evidente de que se trata de uma tentativa de
abuso sexual. É impossível que todo o povo de Sodoma fosse homossexual.
Nenhuma cidade sobreviveria e cresceria tanto se todos os seus habitantes
fossem homossexuais.
Verdade bíblica: Séculos depois da destruição de Sodoma, Deus cita os
pecados de Sodoma e a causa de sua destruição ao comparar os pecados de
Jerusalém em tempos de apostasia aos pecados de Sodoma, e o texto diz assim:
Vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que não fez Sodoma, tua irmã,
ela e suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas. Eis que esta foi a maldade de
Sodoma, tua irmã: Soberba, teve fartura
de pão e muita tranquilidade enquanto os necessitados sofriam à sua porta, e se
ensoberbeceram, e fizeram ABOMINAÇÕES
diante de mim, pelo que, vendo eu isto, as destruí completamente. (Ezequiel 16:48-50)
Apesar de o texto não
colocar na lista de pecados de Sodoma a homossexualidade, a maioria dos
religiosos entende que a homossexualidade está implícita no termo ABOMINAÇÕES.
Esta afirmação, além de absurda, é um atestado de desconhecimento do próprio
texto bíblico e do que de fato é uma abominação aos olhos de Deus.
Segundo o dicionário hebraico de
James Strong, a palavra hebraica traduzida para o português como ABOMINAÇÃO é תועבה (‘toevah), e significa
IMPUREZA CULTUAL, IDOLATRIA ou até mesmo um ÍDOLO, e isto concorda com o sentido em que “abominação”
é usada em todas as seis vezes que aparece nesse capítulo. É justo esclarecer que Strong afirma que, somente neste contexto, abominação refere-se a homossexuais, o que discorda com todas as outras ocorrências deste termo nas Escrituras, expressando muito mais a ideia de Strong do que a do texto bíblico.
Na versão “O LIVRO”, ainda
disponível em bibliaonline.com.br na
data da elaboração deste material, traduz este texto da seguinte forma:
Tão certo
como eu viver, diz o Senhor Deus, que Sodoma e suas filhas nunca foram tão
iníquas como tu e tuas filhas. Os pecados da tua irmã Sodoma foram o orgulho, a
ociosidade, o amor à abundância de tudo, enquanto os pobres e os que sofriam
jaziam à sua porta. Ela prestou insolentemente
culto a muitos ídolos, à minha vista. Por isso a esmaguei.
DE ONDE SURGIU A IDEIA DE QUE O PECADO DE SODOMA FOSSE A
HOMOSSEXUALIDADE?
Na fase final de conclusão do
Antigo Testamento, sobretudo durante o exílio babilônio, surgiram inúmeros
livros apócrifos – isto é, suspeitos, não confiáveis – escritos por personagens
anônimas, que na maioria das vezes se passavam por outros escritores. Entre
estes livros, está o TESTAMENTO DOS DOZE PATRIARCAS, que citava o pecado de
Sodoma como a “perversão da natureza” (Nephtali 3:2). Veja:
Vós,
porém, meus filhos, não vos comporteis assim! Pelo firmamento, pela terra, pelo
mar e por todas as criaturas, podeis reconhecer o Senhor, que tudo criou. Do
contrário, sereis semelhantes a Sodoma, na perversão
da natureza.
Não é necessário esclarecer que
por se tratar de uma cultura extremamente machista e patriarcal, não eram
vistas com bons olhos as pessoas que se relacionassem com outras pessoas do
mesmo sexo, mas transformar esse pensamento em doutrina com base em um livro
rejeitado pelo Judaísmo e pelo Cristianismo é, no mínimo, heresia. Porém, mesmo se tratando de um
livro apócrifo, a inversão da natureza citada pelo autor, em relação a Sodoma,
refere-se também a IDOLATRIA e não a pecados sexuais, como revela o versículo
anterior do mesmo capítulo:
Não vos
dediqueis a corromper as vossas obras pela cobiça de possuir, nem enganeis vossa alma mediante palavras fúteis! Se
ficardes em silêncio, na pureza de coração, havereis de entender o quanto é bom
permanecer fiel à vontade de Deus e repelir a vontade do Demônio. O sol, a lua e as
estrelas não alteram a sua ordem; da mesma forma, vós
não deveis alterar a Lei divina, pela desordem dos vossos atos. Os pagãos, desencaminhados, abandonaram o Senhor e MODIFICARAM A SUA ORDEM, obedeceram a pedras e a madeiras, seguindo os espíritos da
sedução.
Posteriormente, São Tomás de Aquino empregou amplamente o termo
“sodomita” fazendo referência aos homens que se deitam com outros homens, não
por desconhecer o texto bíblico ou o apócrifo, mas por haver na religião
católica romana uma supremacia da Tradição da Igreja acima das Escrituras.
OS VERDADEIROS PECADOS DE SODOMA
Diante dos textos
bíblicos que citam o pecado de Sodoma, podemos concluir que, além da idolatria,
o principal pecado daquele povo era a sua maldade direcionada aos forasteiros,
caracterizando assim a XENOFOBIA, que é a aversão ou o ódio aos forasteiros. Em
Lucas 10:10-12, Jesus envia seus discípulos a diversas cidades para pregar e
diz que as cidades que não os receberem terão julgamento mais severo do que o
de Sodoma e Gomorra.
Os homens de Sodoma
tinham o prazer de humilhar os forasteiros a fim de que outros forasteiros
tivessem medo de entrar em suas terras.
OPINIÕES ACADÊMICAS
Midrash, San’hedrin
109, A Lei da Torá, Editora Sêfer – O Midrash é uma obra que reúne interpretações de elementos
religiosos, legais e morais do Judaísmo. Muitas das lacunas nos textos bíblicos
são preenchidas por esta obra, contribuindo muito para a compreensão de textos
de difícil interpretação. Sobre Sodoma, na página 46, a obra declara o
seguinte:
Os homens de Sodoma não se orgulhavam de outra coisa senão da fartura e
da riqueza que possuíam [...]. E eles diziam: Se da nossa terra tiramos pão e
minério de ouro, para que precisamos dos forasteiros? Não precisamos que venha
a nós qualquer pessoa, pois vem apenas para tomar o que é nosso. Apaguemos,
pois, da nossa terra as leis e os costumes de ir e vir.
Bíblia de Estudo Almeida - No comentário sobre Gênesis 18:20 diz:
O pecado de Sodoma e Gomorra é habitualmente identificado com a prática
do homossexualismo (sic) [...], contudo, os profetas o associam à toda classe
de desordens e natureza social. Em Is. 1.10-17;3.9, esse pecado é a injustiça;
em Jr. 23.14, o adultério, a mentira e o incitamento à maldade; em Ez. 16.49, o
orgulho, a vida fácil e a despreocupação com os pobres.
Edward Bowman – Conforme citação na Bíblia de
Estudo Teologia Inclusiva, na página 21, o pastor metodista diz:
A verdadeira ironia é que há milhares de anos os homossexuais têm sido
vítimas de falta de hospitalidade nas nações cristãs do mundo. Condenados pela
Igreja e pelo Estado, têm sido ridicularizados, rejeitados, perseguidos e até
executados. Em nome de uma interpretação errônea do crime de Sodoma, o
verdadeiro crime de Sodoma tem sido continuamente perpetrado até nossos dias.
CONCLUSÃO
O episódio da tentativa dos homens de
Sodoma de se relacionarem sexualmente com os hóspedes de Ló são uma tentativa
de abuso sexual. Mesmo que houvesse o consentimento entre as partes, isso
envolveria o sexo coletivo. Em todos os casos, tanto no caso do abuso sexual,
quanto do sexo coletivo, ou da promiscuidade, ou do sexo de qualquer outra
ordem que não seja fundamentada na afetividade entre ambas as partes, não são
exemplos de homoafetividade, portanto não nos representa.
Comentários
Postar um comentário